Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) deixou de ser apenas uma tendência para se tornar uma realidade presente e crescente no mundo corporativo. E se há uma área que vem sendo profundamente impactada por essa transformação, é a comunicação interna.
Durante um recente webinar promovido pela Eva People, em parceria com a Invitro — uma das mais respeitadas consultorias de comunicação interna do Brasil —, debatemos de forma ampla como a IA está moldando uma nova era na gestão da comunicação dentro das organizações. A conversa, enriquecida pelos dados da pesquisa de tendências da ABERJE para 2025, deixou evidente que estamos diante de uma mudança estrutural e irreversível.
A Nova Realidade da Comunicação Interna
A comunicação interna, historicamente, carrega desafios bem conhecidos: como engajar públicos diversos, como garantir que as mensagens cheguem no tom, no canal e na linguagem adequados, e como comprovar, com dados, que a comunicação está de fato gerando impacto para o negócio.
Se antes esses desafios eram enfrentados basicamente com muito esforço manual, criatividade e resiliência dos times de comunicação, a IA surge agora como uma aliada poderosa. E não estamos falando de algo futurista — estamos falando de soluções que já estão operando dentro de empresas no Brasil e no mundo.
IA: De Apoio Operacional a Estratégia de Comunicação
A IA começou sua jornada na comunicação interna apoiando atividades operacionais, como geração de conteúdo, tradução, revisão de textos e até manipulação de imagens. Mas isso foi apenas o começo.
Hoje, ela já é capaz de segmentar uma mesma mensagem para diferentes públicos — ajustando linguagem, tom, formato e até o canal — seja para quem trabalha no administrativo, no chão de fábrica ou na liderança. Além disso, automatiza disparos de comunicações em múltiplos canais como e-mail, Teams, Slack ou até WhatsApp, permitindo uma gestão muito mais eficiente dos fluxos de informação.
O WhatsApp no Centro do Debate
Um tema recorrente nas discussões foi o uso do WhatsApp como canal de comunicação corporativa. Por ser, culturalmente, uma das ferramentas mais usadas no Brasil, ele naturalmente se tornou parte dos canais utilizados por muitas empresas. No entanto, o uso desse canal ainda gera debates relacionados à segurança da informação, compliance e privacidade.
A reflexão é clara: para públicos operacionais, muitas vezes desconectados de e-mails e intranets, o WhatsApp pode ser o canal mais eficaz. A IA, nesse contexto, não só se adapta como também opera diretamente nesse ambiente, entregando mensagens personalizadas, respondendo dúvidas e interagindo com os colaboradores de forma fluida.
Dados, Métricas e a Comunicação Guiada por Evidências
Se há uma demanda crescente dos executivos em relação à comunicação interna, ela se chama mensuração. As lideranças querem saber: quais canais estão gerando mais engajamento? Quais campanhas estão funcionando? Onde precisamos melhorar?
A IA não só oferece dashboards em tempo real, como também está caminhando rapidamente para algo ainda mais poderoso: interpretar esses dados. Mais do que dizer quais mensagens tiveram mais abertura ou interação, ela começa a cruzar esses números com os objetivos estratégicos da empresa, gerando insights valiosos para tomada de decisão.
IA Não é Ferramenta. É Colaborador.
Um ponto fascinante que surgiu no debate foi o fato de que, em muitas empresas, a IA já deixou de ser vista como uma simples ferramenta. Ela começa a ser percebida como um colaborador.
Não é incomum ouvir depoimentos de profissionais que dizem, com todas as letras, que “não saberiam mais trabalhar sem a Eva” — a IA da Eva People. Alguns chegam a afirmar que, se a Eva deixasse de existir, ficariam profundamente desapontados, pois já a veem como uma colega de trabalho.
Isso leva a uma pergunta quase filosófica, mas extremamente prática: se a IA é um colaborador, quem faz sua gestão? Será o RH, o TI ou um novo papel dentro da empresa que surge para cuidar, treinar, monitorar e desenvolver esses agentes artificiais, assim como fazemos com pessoas?
Liderança: O Eterno Desafio da Comunicação
A dificuldade de engajar a liderança na comunicação interna é, há anos, uma das maiores dores dos profissionais da área. Seja pela falta de tempo, de preparo, ou até de interesse, muitos líderes acabam não exercendo plenamente seu papel como comunicadores dentro das empresas.
A IA, mais uma vez, surge como solução. Seja por meio da produção de conteúdos personalizados para líderes, seja oferecendo treinamento com roleplays simulados — como, por exemplo, treinar um feedback difícil antes de uma conversa real —, ela permite que esses profissionais desenvolvam suas habilidades de comunicação de forma prática, rápida e segura.
O Papel dos Roleplays com IA
Os roleplays com IA são uma das inovações mais potentes desse novo momento. Empresas já utilizam esses simuladores não apenas para treinar vendedores, mas também para capacitar líderes em conversas difíceis, como feedbacks, alinhamentos e até onboarding de novos colaboradores.
Esses simuladores oferecem um ambiente controlado, onde é possível errar, ajustar, testar diferentes abordagens e receber feedbacks imediatos. Mais do que isso, a IA gera uma avaliação objetiva, sem viés, permitindo que o RH e as lideranças visualizem de forma clara quais são os pontos fortes e as oportunidades de desenvolvimento de cada profissional.
Segurança da Informação: O Desafio Inadiável
Se há um desafio que paira sobre toda essa transformação, ele se chama segurança da informação. As empresas se questionam: para onde vão os dados compartilhados com a IA? Como garantir que informações sensíveis estejam protegidas?
Muitas organizações já estão optando por desenvolver suas próprias inteligências artificiais, hospedadas em servidores internos, para garantir controle total. Soluções como a Eva também oferecem modelos flexíveis, que podem rodar na nuvem ou dentro da infraestrutura do próprio cliente, garantindo aderência total às políticas de segurança e privacidade.
O Futuro da Comunicação Interna Passa Pela IA
A grande conclusão desse debate é simples e direta: a IA não está substituindo os profissionais de comunicação interna, está empoderando-os. Está permitindo que façam mais, com mais qualidade, mais agilidade e mais impacto.
O futuro do trabalho na comunicação não será sobre humanos versus máquinas, mas sobre humanos que usam IA versus humanos que não usam. E, nesse cenário, quem não souber utilizar, entender e se aliar a essa tecnologia, inevitavelmente ficará para trás.
A comunicação interna do futuro — que na verdade já é presente — é híbrida, inteligente, automatizada e, ao mesmo tempo, mais humana do que nunca. Porque ao delegar tarefas operacionais e repetitivas para as máquinas, sobra mais espaço para que os humanos façam o que fazem de melhor: criar, inspirar, engajar e transformar.