Quiet quitting: herói ou vilão?

Quiet quitting: herói ou vilão?
Daniel Luz 15 de setembro de 2022 3 min de leitura

Recentemente um vídeo viralizou no TikTok onde o usuário Zaid K fala sobre quiet quitting: “quitting the idea of going above and beyond at work” (largando a ideia de ir acima e além no trabalho). E completa com: “work is not your life” (o trabalho não é a sua vida).

A verdade é que apesar de ter recebido esse nome moderninho, a ideia de fazer exatamente o que você é pago para fazer – e nada além disso, não é nova. Até as gerações anteriores, o padrão era não gostar do seu trabalho, e fazê-lo por obrigação.

A confusão acontece quando a nova geração – aquela que quer trabalhar com o que gosta, que veste a camisa da empresa – percebe que fazer hora extra em troca de pizza é inviável a longo prazo.

 

Quiet quitting é a vacina contra burnout

O ambiente corporativo, principalmente de startups, foi infectado com a fantasia do vale do silício nos últimos dez anos. Escritórios descolados, área de descompressão com pufes e vídeo game, estoque de energético e cafeteira gourmet.

Estas características seduziram os jovens profissionais e até os fizeram desenvolver o chamado “ownership”, onde o funcionário se sente dono do produto/empresa. Afinal, assim ele vai fazer hora extra sem receber e sem reclamar. Porque ele se sente responsável pelo sucesso ou fracasso da empresa.

Depois de alguns anos nesse ritmo, o resultado é um mix de ansiedade, depressão, tendinite, hipertensão e burnout. O quiet quitting aparece como uma defesa natural – e bem honesta, pra ser sincero – contra essa sobrecarga de trabalho.

 

O problema não é o quiet quitting, mas o que o causou

O debate sobre o quiet quitting esconde um problema muito sério: o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Esse desequilíbrio é causado pelo excesso de cobranças, extensão do horário de trabalho, relações interpessoais tóxicas no ambiente de trabalho, etc.

O que tem que ser discutido não é se a prática é motivo suficiente para uma demissão justa-causa ou não (até porque qualquer pessoa com uma gota de bom senso saberia que não é), mas sim o que pode ser feito para tornar o ambiente de trabalho mais sadio.

Se você é líder, ouça os seus funcionários. De verdade. Entenda as suas necessidades e dificuldades. Não tente manipulá-los ou persuadi-los a manter ritmos de trabalho insalubres. Se você é funcionário, una-se com os seus colegas para discutir melhorias com a liderança.

No fim das contas, é necessário uma relação de respeito mútuo entre empregador e funcionário.


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