Como a Inteligência Artificial está revolucionando a capacitação profissional com roleplays

Contextualização do Webinar

O webinar conduzido por Marcos Mylius, partner da Eva People, e Carlos Schincariol, partner e diretor de performance da Lifetime Investimentos, trouxe um panorama sobre como a inteligência artificial está revolucionando o processo de capacitação na Lifetime, especialmente com o uso de roleplays simulados.

Sobre a Lifetime Investimentos

A Lifetime Investimentos é hoje um dos maiores e mais respeitados escritórios de investimentos do Brasil, com mais de 21 bilhões sob custódia, mais de 240 profissionais e presença nacional. A empresa foi eleita, pelo quarto ano consecutivo, o melhor escritório de investimentos do Brasil pela BTG Pactual. Focada no atendimento a clientes de alto patrimônio — como empresários e investidores private —, a Lifetime se diferencia pela busca incessante por excelência, tanto na entrega ao cliente quanto no desenvolvimento de seus profissionais.

Desafio Antes da Eva

Antes da adoção da Eva, o processo de roleplay era conduzido presencialmente, e toda a responsabilidade recaía sobre Carlos e seu time de performance. Cada simulação levava em média uma hora, o que permitia, no máximo, três sessões por dia. Esse modelo, além de consumir muito tempo, não era escalável, especialmente considerando que a empresa possui nove filiais distribuídas pelo país. Além disso, havia uma limitação natural da criatividade humana na construção de cenários diferentes para cada simulação, o que restringia a variedade e riqueza dos treinamentos.

Transformação com a Eva People

A chegada da Eva People representou uma transformação radical nesse processo. A plataforma permitiu à Lifetime implementar roleplays com inteligência artificial, onde os assessores simulam interações com clientes em um ambiente controlado, seguro e livre de julgamentos. A IA assume o papel de diferentes perfis de clientes, que podem ser pré-configurados ou construídos na hora, com base em características reais do cliente que o assessor irá atender, inclusive utilizando informações do LinkedIn. A Eva é capaz de reproduzir perfis comportamentais variados, desde clientes mais introspectivos e técnicos até perfis mais comunicativos, resistentes ou exigentes.

Benefícios Percebidos na Prática

Os ganhos percebidos pela Lifetime foram expressivos. O primeiro deles foi a escalabilidade. Se antes Carlos conseguia realizar no máximo três roleplays presenciais por dia, hoje a empresa pode rodar centenas de simulações diariamente, sem limite de horário ou local. O segundo foi a autonomia dos assessores, que agora podem treinar sozinhos, no seu próprio ritmo, ajustando suas abordagens, refazendo tentativas e recebendo feedback instantâneo, sem a pressão de serem observados por um gestor ou colega. Um terceiro ponto muito valorizado foi o fato de que todas as simulações são transcritas automaticamente, o que permite que os gestores analisem a performance dos assessores e ofereçam feedbacks mais precisos e direcionados.

Nível de Realismo e Interatividade

Um aspecto que surpreendeu positivamente foi o nível de realismo que a IA oferece. Durante o webinar, foi citado o exemplo de um assessor que, ao simular uma conversa com uma cliente carioca, pediu à Eva uma sugestão de restaurante no Rio de Janeiro. A IA respondeu com o nome de um restaurante real, conhecido do assessor, o que reforçou a percepção de naturalidade e profundidade da simulação. Além do diálogo, a Eva também fornece feedback comportamental, descrevendo expressões não verbais simuladas, como “o cliente se inclinou para frente demonstrando interesse” ou “o cliente cruzou os braços sinalizando desconforto”, trazendo ainda mais proximidade com a realidade de uma reunião presencial.

Aplicação de Técnicas — SPIN Selling Integrado

A inteligência da Eva foi treinada a partir do próprio modelo comercial da Lifetime, especialmente com foco na metodologia SPIN Selling. Isso permite que a IA participe ativamente do roteiro da simulação, respondendo de acordo com as perguntas de situação, problema, implicação e necessidade de solução, que são fundamentais no processo de venda consultiva. O objetivo da simulação, portanto, não é apenas treinar a técnica, mas também ajudar os assessores a desenvolverem a capacidade de identificar necessidades explícitas dos clientes, que são o principal motor de decisão de compra.

Cultura de Melhoria Contínua na Lifetime

Do ponto de vista cultural, a adoção da Eva foi extremamente positiva. Mesmo os assessores mais seniores, que poderiam oferecer resistência por já terem métodos consolidados, abraçaram rapidamente a ferramenta. A Lifetime tem uma cultura muito bem estabelecida de desenvolvimento e excelência. Desde o onboarding, todos os profissionais são informados de que errar faz parte do processo de crescimento. O que não é permitido é não se esforçar para melhorar. Essa mentalidade fez com que o uso da Eva fosse percebido como uma extensão natural da cultura de aprendizado da empresa.

A Transformação dos Modelos de Treinamento

O webinar também trouxe uma reflexão importante sobre o próprio modelo de treinamentos corporativos. Carlos destacou que os formatos tradicionais, baseados em longas imersões de dois ou três dias, estão perdendo espaço. As pessoas não têm mais paciência nem absorvem bem conteúdo em blocos tão grandes. Hoje, o desenvolvimento profissional caminha na direção de microtreinamentos, pílulas de conteúdo, roleplays rápidos e recorrentes, e trilhas personalizadas. A própria Lifetime já adota esse modelo, combinando cases internos, grupos de benchmarking e agora roleplays com IA, oferecendo um ambiente de aprendizado dinâmico, interativo e muito mais eficaz.

O Futuro da Capacitação com IA

O futuro do uso da IA na capacitação dos profissionais já começa a ser desenhado. Um dos avanços em desenvolvimento na Eva é a capacidade de analisar não só os roleplays, mas também as transcrições de reuniões reais dos assessores. Isso permitirá que a IA identifique gaps de performance, vícios de linguagem, oportunidades não exploradas e, a partir dessa análise, sugira trilhas de desenvolvimento personalizadas para cada profissional. Essa evolução posiciona a Eva não apenas como uma ferramenta de treinamento, mas como uma verdadeira business partner autônoma, capaz de apoiar gestores na tomada de decisão sobre desenvolvimento de pessoas com base em dados objetivos.

Conclusão

Na visão de Carlos, a inteligência artificial não substitui o desenvolvimento humano, mas multiplica exponencialmente a capacidade das empresas de treinar, desenvolver e preparar seus profissionais. Para ele, a frase que resume essa transformação é simples, mas poderosa: “Errar treinando é permitido. O que não é permitido é não treinar.”

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