Inteligência Artificial e o futuro da Comunicação Interna

Contextualização do Webinar

O webinar foi conduzido por Marcos Mylius, sócio da Eva People, e Vítor Miranda, CEO da Invitro, uma das maiores consultorias de comunicação interna do Brasil. O encontro teve como objetivo discutir o impacto da inteligência artificial na comunicação interna, seus desafios, suas aplicações práticas e os rumos da transformação digital nas empresas. A conversa também foi alimentada pelos dados mais recentes da pesquisa de tendências da ABERJE para comunicação interna em 2025.

Sobre a Invitro e a Parceria com a Eva

A Invitro é uma consultoria especializada em comunicação interna, com mais de 20 anos de atuação e escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Recife. Foi justamente durante um projeto para um cliente no Recife que a Invitro teve seu primeiro contato com a Eva, a partir de um feedback espontâneo de um colaborador. A partir desse ponto, as empresas iniciaram uma conversa que evoluiu rapidamente para uma parceria estratégica, com o objetivo de integrar a inteligência artificial na gestão da comunicação interna dos clientes da Invitro.

O Que é a Eva e Como Atua na Comunicação Interna

A Eva People é uma assistente de inteligência artificial especializada em apoiar as áreas de recursos humanos e comunicação interna nas empresas. A assistente atua em frentes como onboarding de colaboradores, atendimento interno, automação de fluxos de comunicação, gravação e resumo de reuniões, além de simulações (roleplays) para treinamentos e desenvolvimento de líderes. Seu propósito é ajudar as empresas a escalar comunicação, atendimento e capacitação de forma inteligente, rápida e com alto nível de personalização.

O Crescente Uso de IA na Comunicação Empresarial

Vítor destacou que, assim como acontece em outras áreas, a comunicação interna já vive um momento em que a adoção da inteligência artificial não é mais uma tendência, mas uma realidade. A Invitro, por exemplo, já utiliza IA não apenas na automação de tarefas operacionais, como geração de conteúdo, tradução e manipulação de imagens, mas também na gestão de campanhas, newsletters e fluxos de comunicação multicanal.

A IA permite, por exemplo, segmentar uma mesma mensagem para públicos diferentes — um dos desafios históricos da comunicação interna — e adaptar a linguagem, o tom e o formato para públicos operacionais, administrativos ou de liderança.

A Segmentação como Pilar da Nova Comunicação Interna

Uma das transformações mais evidentes trazidas pela inteligência artificial é a possibilidade real de realizar uma segmentação eficiente. As empresas hoje lidam com públicos muito distintos — desde pessoas no chão de fábrica até executivos no administrativo — que consomem informações por canais e formatos diferentes. A IA permite não só adaptar o conteúdo, mas também personalizar o canal de entrega, seja ele e-mail, Teams, Slack ou até WhatsApp.

Vítor reforçou que a IA, nesse contexto, passa a ser uma aliada direta do time de comunicação, não só na produção de conteúdo, mas também na orquestração e no disparo das mensagens, além da análise dos resultados.

O Uso do WhatsApp na Comunicação Interna

O tema do WhatsApp gerou uma discussão interessante durante o webinar. Apesar de ser um dos canais mais utilizados no Brasil, seu uso na comunicação corporativa ainda gera dúvidas, especialmente em temas como compliance, LGPD e segurança da informação. Algumas empresas buscam alternativas, como redes internas ou aplicativos próprios. Outras, porém, utilizam o WhatsApp como meio estratégico, especialmente para públicos operacionais, que não acessam e-mail ou plataformas corporativas com frequência. A Eva, por exemplo, é integrada a esse canal, atuando como assistente no WhatsApp das empresas, respeitando as regras de governança estabelecidas.

Mensuração e Interpretação de Dados na Comunicação Interna

Outro tema central do debate foi a mensuração. As lideranças demandam cada vez mais dados, indicadores claros de engajamento e retorno dos canais de comunicação. A Invitro, inclusive, desenvolveu uma metodologia própria, chamada iMonitor, que consolida todos os dados dos canais de comunicação dos clientes em dashboards que permitem acompanhamento em tempo real.

Vítor destacou que a inteligência artificial tem potencial não apenas de fornecer dados, mas também de interpretá-los. No futuro próximo, a IA poderá não só dizer quais mensagens tiveram mais abertura ou engajamento, mas também correlacionar esses dados aos objetivos estratégicos da empresa, ajudando as áreas de comunicação a tomarem decisões mais inteligentes.

Humanização e Gestão dos Recursos Artificiais

Um dos tópicos mais provocativos da conversa foi a reflexão sobre o papel da IA como um novo tipo de colaborador. Marcos trouxe um exemplo real de um cliente que respondeu, em uma pesquisa de NPS, que se sentiria profundamente desapontado se a Eva deixasse de existir na empresa, pois já a considera “uma colega de trabalho”.

Isso levanta uma discussão fundamental sobre a gestão dos recursos artificiais nas empresas. Deveria ser responsabilidade do RH cuidar também da performance, desenvolvimento e gestão desses agentes artificiais? Ou esse papel deve ser compartilhado com a TI? A conclusão é que, assim como hoje se gerencia performance de pessoas, haverá cada vez mais espaço para gerir também a performance dos assistentes de IA.

A Inteligência Artificial e o Papel da Liderança na Comunicação

A dificuldade de envolver a liderança na comunicação interna apareceu tanto na pesquisa da ABERJE quanto na fala dos participantes. Muitos líderes não possuem tempo ou não se sentem preparados para serem bons comunicadores. A IA surge como uma aliada nesse processo, seja produzindo conteúdos personalizados, seja treinando esses líderes por meio de microlearning ou de roleplays.

A Eva, por exemplo, permite que um líder simule uma conversa de feedback com um colaborador, treinando sua abordagem em um ambiente seguro, onde pode errar, ajustar e melhorar antes de levar a situação para a vida real.

Simulações (Roleplays) e o Desenvolvimento de Competências

O uso da IA para simulações foi um dos pontos altos do webinar. Tanto para vendas, quanto para feedbacks, onboarding ou até entrevistas de recrutamento, a Eva já realiza roleplays que simulam esses cenários. Essa ferramenta tem sido usada não só para treinar, mas também para avaliar a performance dos colaboradores e dos líderes, de forma imparcial e escalável.

Vítor reforçou que o fato da IA ser imparcial é uma vantagem. Muitas vezes, avaliações feitas por humanos carregam vieses inconscientes. A IA, analisando dados de linguagem, tempo de resposta, aderência ao roteiro e outros parâmetros, consegue gerar uma análise objetiva, permitindo que RH e liderança tenham uma visão clara sobre pontos fortes e oportunidades de desenvolvimento.

Desafios: Segurança, Privacidade e Governança

Um desafio crítico apontado foi a questão da segurança da informação e do compliance. Para onde vão os dados trocados com a IA? Quem garante a privacidade dessas informações? Empresas mais maduras já estão optando por desenvolver suas próprias inteligências artificiais hospedadas em servidores internos, justamente para garantir total controle dos dados sensíveis.

A Eva, nesse contexto, pode ser integrada tanto em ambientes em nuvem quanto em servidores internos, respeitando as diretrizes e políticas de cada cliente.

Os Grandes Desafios da Adoção de IA na Comunicação Interna

O webinar apontou dois grandes desafios na integração da IA com a comunicação interna. O primeiro é a segurança da informação e o segundo é a gestão da interação homem-máquina. Como garantir que esses agentes virtuais sejam aliados dos colaboradores, e não vistos como substitutos ou ameaças? E, ao mesmo tempo, como capacitar as pessoas para que tirem o melhor proveito dessa nova realidade?

A reflexão final foi de que a IA não é uma adversária do ser humano, mas sim uma extensão de sua capacidade. A disputa não será mais entre humanos e máquinas, mas entre profissionais que usam IA e profissionais que não usam — e quem não usar, inevitavelmente, ficará para trás em termos de produtividade e relevância.

Conclusão

A inteligência artificial está deixando de ser um conceito abstrato para se tornar uma prática cotidiana na comunicação interna. As empresas que entenderem seu potencial, que souberem usar suas ferramentas e que encararem a IA como uma parceira estratégica, sairão na frente. A gestão do futuro, como concluíram Marcos e Vítor, passa pela capacidade de integrar, de forma ética, inteligente e segura, humanos e agentes artificiais no mesmo ecossistema de trabalho.

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